quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

5ª Edição no AR


Lançada Hoje a 5ª edição temática da Revista Historien, segue o editorial para apreciação.


Prezado leitor,
Nos últimos anos, a historiografia latino-americana tem dedicado um interesse especial em discutir os fatores que conduziram ao processo de emancipação das colônias luso-espanholas no princípio do século XIX. No Brasil em especial, notamos que a partir de 2008 um crescente interesse pelos aspectos que marcaram a vinda da Corte Portuguesa em 1808 e a consolidação de nossa independência política em 1822.

Outras nações latino-americanas, colonizadas em sua maioria pela Espanha, também empreenderam estudos acerca de seus movimentos emancipacionistas. A idéia da presente edição nasceu em 2010, quando um dos integrantes da Revista Historien, Christoval Araújo em parceria com o Prof. Dr. Eduardo Martín Cuesta, propuseram uma edição conjunta entre pesquisadores brasileiros e outros historiadores da América Latina. A proposta concretizou-se e agora apresentamos a quinta edição da Revista Historien em que navegaremos no debate do Bicentenário da Independência das Nações Latino- Americanas.

Em Argentina: de vice-reino a um Estado de províncias, Leonardo Mercher busca relatar como através de processos políticos regionais, durante o século XIX e XX é formado o estado argentino. Juan Francisco Martinez Peria, propõe um estudo acerca da última etapa da Revolução do Haiti, seu artigo é: El choque final entre dos revoluciones: De la expedición napoleónica a la independencia de Haiti.

Germán Ibañez introduz a questão da descolonização como dimensão fundamental a ser explorada nos processos de independencia, seu artigo La Revolución Hispanoamericana: Una caracterización, aborda o processo revolucionário hispanoamericano com a culminância da independência de maior parte da América espanhola.

Eduardo Martín Cuesta escreve junto a Agustina Vence Conti o artigo Bicentenário de la Independencia Argentina: una perspectiva desde la historia Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 7 econômica, ensaiando algumas perguntas acerca das características gerais da economia do que hoje é o espaço da República Argentina através da observação de três momentos históricos: 1810, 1910 e 2010.

Com uma proposta no mínimo inovadora, Julio Osaba escreve El Bicentenário Según Lisa Simpson o la Construcción Social de los Héroes. O autor trará uma visão acerca do Bicentenário no Uruguai usando a figura do Herói nacional, sua construção e desejo social, para isso, fará um contraponto com o icone Lisa Simpson, do desenho animado Os Simpsons. Jorge Rueda e Laura Rueda nos brinda com o artigo La Crisis del Convivir en la Historia y la Cultura Republicana en Chile, descrevendo aspectos na construção e historiografia da república chilena como sendo uma nação que assim fixada nas elites dominantes se encarregou de construir fronteiras
culturais e de identidade.

Lina Constanza Díaz Boada no texto La Élite Local ante la crisis de la Monarquía Española: Redes Sociales de Poder em el Cabildo de Pamplona – Virreinato de Nueva Granada, 1800-1810 analisa as diversas respostas desenvolvidas pela elite de Pamplona de Indias no Vice-Reinado de Nova Granada, em 1810, diante da crise da monarquia espanhola. E finalizando a História em Foco, Natalia Bustelo escreve El Nuevo Mundo en Espejo de Europa:Reflexiones Sobre la Construcción Identitaria Estatal, uma análise dos traços de imagens que foram usadas para representação do nacional e do latinoamericano e sua relação com a Europa.

Edson Silva no artigo Povos Indígenas do Sertão: Uma História de Esbulhos das Terras, Conflitos e de Mobilização por seus Direitos discute sobre a atual situação dos povos indígenas no interior do Nordeste; Silvano Fidelis de Lira escreve Histórias em Quadrinhos: Possibilidades e Perspectivas do Fazer Pedagógico no Ensino de História em que trata das possibilidades de utilização de um instrumento de fácil acesso aos estudantes dentro da sala-de-aula e suas possibilidades de enriquecimento do conhecimento transmitido aos alunos. Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 Abordando a temática História e Memória, temos o artigo de Ulisses do Vale com o trabalho Entre Memória e Imaginação: Pelo Fim de uma Longa Má Consciência buscando refletir acerca do debate dentro do meio acadêmico sobre a relação entre a História e a Memória.

Por fim, dois artigos que abordam o Brasil Colonial: o primeiro de Marcio Douglas de Carvalho e Silva, A Demonização do Paraiso: Fé e Religiosidade no Brasil Colonial em que aborda as relações entre a religião oficial trazida pelo colonizador europeu e as diversas manifestações religiosas surgidas no Brasil a partir das influências de elementos africanos e indígenas; e o segundo de Emãnuel Luiz Souza e Silva, Ação Jesuítica e Catolicismo no Brasil Colonial do Século XIX que faz uma análise do padre jesuíta Luís da Gram em sua propagação da fé católica no Brasil do século XVI.

É com imensa satisfação que reafirmamos com compromisso do iniciado em novembro de 2009, nós do Grupo “Sapientia et Virtute” e do Departamento de História da Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina, em ampliar e divulgar o conhecimento entre pesquisadores de História e diversas áreas do conhecimento das Ciências Humanas e Sociais de diversas regiões do Brasil e agora com a colaboração de pesquisadores de diversas regiões do continente americano. Não poderíamos deixar de transmitir o nosso agradecimento a Maria Fernanda Sabio pelo apoio na idealização e construção dessa edição.

Boa Leitura.




segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Hidratante pode ter matado

Por Graziella Beting

Há remédios piores que a doença. Que o diga a rainha Hatshepsut, principal faraó mulher do Egito, que viveu por volta de 1450 a.C. Segundo cientistas da Universidade de Bonn, ela pode ter morrido por causa do creme hidratante que usava. Essa é a suspeita levantada pelos especialistas que analisaram o conteúdo – até hoje intacto – do frasco encontrado entre os objetos da faraó, hoje conservado no Museu Egípcio da universidade.

A descoberta foi feita por Michael Höveler-Müller, curador do museu, e Helmut Wiedenfeld, do Instituto de Farmacologia da universidade. Por muito tempo, acreditava-se que o frasco contivesse perfume, mas, ao retirar amostras de seu conteúdo, eles identificaram um tipo de loção para a pele contendo uma forte substância carcinogênica. Os pesquisadores suspeitam que o creme possa ter sido indicado à faraó como tratamento para eczema, já que são conhecidos outros casos de doenças de pele na família de Hatshepsut.

O problema é que, além de substâncias hidratantes e anti-inflamatórias, os farmacologistas detectaram no creme da monarca uma grande quantidade de benzopireno, “uma das mais perigosas substâncias carcinogênicas que conhecemos”, afirma Wiedenfeld.

FONTE: historiaviva

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

2012: contagem regressiva para o fim do mundo?


O Armagedon tem uma nova data. E como nas outras ocasiões em que o fim do mundo foi anunciado, surgiram inúmeras especulações sobre o trágico “espetáculo” do Juízo Final. Curiosamente, ao contrário do ano 1000 e das previsões de vários “profetas” que desfiaram um rosário de eventos apocalípticos, não se mencionou a volta do Messias, Jesus Cristo na tradição cristã. Talvez porque a tão falada profecia esteja ligada aos maias – civilização que se desenvolveu na Península de Yucatán, no sul do México, e na América Central, em regiões que hoje fazem parte da Guatemala, de El Salvador e de Honduras. Eles eram politeístas, ou seja, adoravam várias divindades, ligadas à natureza.

Mas o que está no centro das recentes especulações apocalípticas é um dos diversos elementos da cultura maia que chegaram até os nossos dias: seu método de contagem do tempo. Eles idealizaram dois calendários: o religioso, com base na Lua, chamado Tzolkim (relacionado a aspectos da vida humana), tinha 260 dias divididos em 13 meses com 20 dias (kins) cada; o outro, Haab, mais parecido com o nosso, era o calendário agrícola (que organizava as etapas do plantio e da colheita), com 365 dias repartidos em 18 meses de 20 dias. Hábeis matemáticos, criaram um complexo sistema de sincronização – a “Roda Calendárica” – desses dois calendários, nada fácil de explicar. Em linhas muito gerais, a cada 52 voltas do Haab (um ciclo de 18.980 dias) correspondia um novo século, quando era realizada a cerimônia do fogo novo.

Momento de renovação

Para os maias, o fim de um ciclo é um momento de renovação, o início de uma nova era – o que desencadeou uma onda de mitos sobre o fim do mundo. O principal diz que o mundo acabará em 21 de dezembro de 2012. O dia é significativo no calendário justamente porque indica o fim de um ciclo e o início de outro, mas nenhum registro daquela civilização autoriza a afirmar que o mundo acabará naquela data, segundo Anthony F. Aveni, professor de Astronomia e Antropologia da Colgate University, de Nova York.

Outras versões dão conta de que um tal Planeta Nibiru (ou Planeta X) estaria em rota de colisão com a Terra, o que não seria possível, pois, além de não haver dados concretos sobre a sua existência, se fosse entrar em choque com a Terra no ano que vem, hoje já poderia ser visto a olho nu, segundo o astrônomo Marcelo Gleiser. O professor de Astronomia e Filosofia Natural do Dartmouth College, nos Estados Unidos, ainda desmente a suposição de que um alinhamento galáctico envolvendo o Sol, a Terra e o centro da galáxia destruirá nosso planeta. Só que esse fenômeno acontece todo mês de dezembro.

“Esse frenesi todo é irracional”, garante Marcelo Gleiser. Mas serviu, mais uma vez, de inspiração para a poderosa indústria cinematográfica norte-americana, que levou às telas “2012: o ano da profecia” (2009), uma superprodução que consumiu 200 milhões de dólares. Sucesso de bilheteria em vários países, como o Brasil, o filme mostrou que os mitos nascidos da credulidade humana ainda são generosas fontes de lucros. E, de quebra, enalteceu o esforço de reconstrução do mundo pelos Estados Unidos.


FONTE:revistadehistoria

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Lampião: Cabra - macho ou flor do sertão?


Depois de Hitler, Zumbi dos Palmares e a Imperatriz Leopoldina, o, digamos, revisionismo sexual de grandes personagens da História atingiu o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva. O problema é que a “descoberta” do juiz aposentado Pedro de Morais, autor do livro “Lampião, o mata sete” – no qual afirma que o líder do cangaço era homossexual –, nem novidade é, mas se alastrou feito rastilho de pólvora nos megabytes do mundo moderno. O historiador Antônio Amaury, que dedicou nada menos que 63 anos ao estudo do cangaço, inclusive entrevistando vários membros da tropa de Lampião, é categórico: “isso nunca foi sequer cogitado por todos que conheceram e conviveram com Lampião. Portanto, levantar essa difamação foi apenas uma forma desse juiz aparecer”.Se era esta a intenção (ou apenas difamar o mito), o ex-juiz conseguiu. Uma pesquisa no Google com os termos “Lampião” e “gay” remete a mais de 200 mil resultados, enquanto “Lampião” e “Pedro de Morais” respondem a mais de 40 mil links. Repercussão que, como de praxe nesses casos, ganhou força mesmo após a Justiça proibir o lançamento da obra, a pedido dos parentes do cangaceiro. Pedro de Morais acredita que a decisão será revertida em breve, já que tudo se trata de uma confusão de... sinônimos.“O próprio juiz, na sentença, afirma que não leu o livro”, argumenta Pedro. “Ele se baseou na manchete de um jornal popularesco, que chamou Lampião de boiola e Maria Bonita de adúltera. Mas em momento algum eu usei esses termos... Depois que ele ler o livro, não haverá problema algum. Tudo o que eu disse está relatado por vários autores. Eu apenas tive a coragem de expor sem meias palavras”. Fatos controversosPara sustentar a versão, Pedro de Morais usa como exemplo até fóruns públicos do site Yahoo, onde “todo mundo sabe da homossexualidade de Lampião”.“Você há de convir que obter prova material de homossexualidade seja difícil. Mas este era um fato amplamente sabido por vários estudiosos”, garante Pedro, citando como exemplo o professor Luiz Mott, doutor em antropologia e fundador do Grupo Gay da Bahia. A tese de Mott – igualmente não aceita por quem se dedicou especificamente ao tema cangaço – se baseia em relatos de que Lampião, na intimidade, adorava perfume francês, usava um lenço de seda e muitos anéis nos dedos. Foi o suficiente para a conclusão – de Pedro, claro, mas não de Antônio Amaury, do alto de suas mais de 250 horas de conversa com cangaceiros e mais de 7 mil entrevistas realizadas sobre o assunto.“Com todo o respeito, Mott dedicou a vida ao tema da homossexualidade, não ao estudo do cangaço. Não há o menor fundamento para se afirmar isso. Eu conversei com mais de 30 cangaceiros, alguns diretamente ligados a Lampião, e ninguém jamais sequer comentou esse tipo de coisa. Inclusive, conversei uma vez com a mulher de um cangaceiro, que foi presa e levada para Salvador. Ela contou que só ouviu falar desse tipo de conduta, entre pessoas do mesmo sexo, ao chegar lá, na cidade grande”, conclui Antônio. Provas x AnedotasO médico-legista Estácio de Lima, autor de “O mundo estranho dos cangaceiros”, também é citado como fonte. Segundo Pedro, Lampião é descrito como um homem de “trejeitos afeminados”, com “postura de homossexual” e até “realizador da cultura homossexual”, conforme descreve o ex-juiz, acrescentando ainda que Lampião “não tinha capacidade de ereção”.Antônio refuta:“Não há testemunhos nem a menor evidência para esse tipo de acusação. Mas agora está na moda dizer que toda personalidade histórica foi homossexual. Uma das bases dessa acusação estapafúrdia de impotência foi um tiro que Lampião levou na virilha. Mas esse ferimento, comprovadamente, de modo algum afetou sua virilidade, muito menos, obviamente, sua masculinidade”.Seja como for, Pedro de Morais não faz questão de esconder a antipatia pelo rei do cangaço, que foi tema da reportagem “Fascinantes facínoras”, publicada em maio pela RHBN.“Eu trabalhei nas comarcas de Canindé e Poço Redonda e cansei de ouvir histórias escabrosas de Lampião. Meu objetivo é desmitificar esse canalha, um dos piores elementos que a natureza já produziu”, afirma.Policial militar de Sergipe, Marcelo Rocha também faz pesquisas sobre o cangaceiro, mas sob o ponto de vista da polícia – ou seja, de quem não teria o menor motivo para defender Lampião. Ele também rejeita a tese.“Não há a menor evidência sobre isso, nenhum relato ou livro com fundamento para tanto. O máximo que havia era conversas de esquina, meras anedotas do


Não é piada, é verdade

Antes relegado ao pitoresco de pautas ocasionais, o humor ganhou em anos recentes o estatuto de um autêntico programa de pesquisas históricas. No cenário contemporâneo, em que falharam os grandes projetos políticos de transformação global, os historiadores começam a olhar na direção de uma história cultural do humor, mostrando o quanto o riso incentivou laços de sociabilidade, sublimou ressentimentos, estilizou a violência e não raro virou arma social e política dos impotentes, forjando uma cultura política da divergência. Além, é claro, de divertir.Curioso e revelador é o caso dos historiadores dedicados ao estudo do humor brasileiro. À primeira versão do meu livroRaízes do Riso – originalmente uma tese de livre-docência –, muitos diziam: “É uma tese de Teoria da História, mas estuda piadas!” É certo que eu não estudava propriamente as piadas, mas, sobretudo, os seus usos e significados peculiares a cada época. Acabei dando livre curso à brincadeira dos colegas porque me parecia reveladora da representação humorística da história brasileira, só compreensível pela anedota a seguir.

País da piada pronta

Quando o viajante alemão Von Papen (1879-1969) passou pelo Brasil, em 1912, contaram-lhe que, na reforma urbana da capital, o único prédio que desabou, por erro de cálculo, foi o do Clube de Engenharia. O alemão sorriu diante da piada, mas disseram-lhe que o caso não era para rir, pois acontecera de fato. Mendes Fradique – pseudônimo do humorista brasileiro Antonio Madeira de Freitas (1893-1944) –, que relatou o episódio, concluiu: O humorismo tem objeto no contraste direto entre o que é e o que deverá ser. Ora, no Brasil, tudo é precisamente como não deverá ser, de modo que se torna impossível este contraste e, portanto, igualmente impossível o humorismo.”Seria verdadeiro tal diagnóstico? No Brasil, o cômico seria parte incontrastável da vida real e o humorismo impossível porque a realidade já superava a anedota? Ou o caso citado exemplificaria o contrário: se não há contraste, é porque o humor é indistinguível, já faz parte da vida e, portanto, vivemos em pleno “país da piada pronta”? Dilema complicado, que, tanto nos meus escritos publicados quanto em pesquisas em curso, tentei resolver. Mais do que noutros lugares, nossa história é permeada de rápidos flagrantes que brilham por trás da ingênua e pitoresca diversão. Para o historiador, constituem momentos de uma ética emotiva que salva o indivíduo da ausência de dimensões formais que funcionem ou do pavor que ele tem de viver numa sociedade cheia de mediações abstratas. Aqui, Sérgio Buarque de Holanda, lá do seu Raízes do Brasil, dá aquela piscadela cúmplice para um país em que há uma profusão de leis que nunca dão certo: funcionam os tratamentos em inho, a simpatia – mas também a corrupção, o jeitinho ou a violência, que se sabem impunes, terminando tudo com o toque especialíssimo e emotivo da piada. Que também retroalimenta a mesma ética emotiva, pois o riso é fundamentalmente emoção. Ou já resolvemos o dilema de Fradique, superamos nossos fantasmas do passado e viramos um país sério, no qual o riso seria autêntica libertação?

Elias Thomé Saliba é professor titular de Teoria da História na Universidade de São Paulo e autor de Raízes do Riso(Companhia das Letras, 3ª. ed., 2008).


sábado, 3 de dezembro de 2011

O primeiro repórter negro da America



Este ano, cidades e organizações em todo o USA comemoraram o 150 º aniversário do início da GuerraCivil americana, que durou de 1861 a 1865.Na história do jornalismo, a Guerra Civil marcou a primeira vez que um grande número de repórteres,artistas e fotógrafos seguiram tropas para a batalha para noticiar em primeira mão.
O repórter Thomas Morris Chester do Philadelphia Press foi o único negro cobrindo a Guerra Civil para um grande jornal. Ele estava em Richmond, Virgínia, em 1865, quando tropas da União invadiram a capital confederada.
Chester, o filho de um catador de ostras e um escravo fugido, entrou em Richmond com soldados negros da União que estavam lutando para ganhar a liberdade, não apenas para sua raça, mas também o reconhecimento como patriotas por seu país.
Logo no início, Chester passou apoiar o movimento de colonização africano, defendendo os assentamentos da Libéria. Ele imigrou para a Libéria em 1853 com idade de 19 anos, onde se tornou editor do jornal Star of Liberia newspaper em Monróvia. Ele voltou para os Estados Unidos depois de um ano, mas viajou freqüentemente para a Libéria nos 13 anos seguintes. Ingressou no Philadelphia Press em 1864, tornando-se primeiro repórter de jornal da raça negra.
Depois da guerra, Chester viajou por toda a Europa defendendo a Libéria, estudou Direito na Inglaterra e mais tarde tentou a politica na Louisiana.
Em 1892, amargurado pelas leis e doente, ele retornou à sua cidade na Pensilvânia, onde morreu de um ataque cardíaco. Ele foi enterrado em um cemitério para segregados em Harrisburg sua cidade natal.

fonte: kduko

Áfricas ocultas


Quando chega à sala Iyá Obá Biyi, do primeiro ano do ensino fundamental, a vice-diretora Iraildes Nascimento saúda os pequenos alunos com um yá agô (com licença). Ao que todos logo respondem: agô yá (licença concedida). Por toda a Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, essas e outras “palavras básicas de convivência” da língua iorubá são lembradas em murais e cartazes pendurados ao lado de fotos de mães de santo. Perto dali, numa escola estadual na Estrada das Barreiras, a professora de História Luciana Araújo até tenta falar sobre candomblé e religiões africanas com as turmas de adolescentes. Mas, quase sempre, alguém debocha e pergunta: “Você é macumbeira, não é?”

O bairro é Cabula, localizado na área central de Salvador, entre a rodovia BR-324 (que liga a capital à cidade de Feira de Santana) e a movimentada Avenida Paralela. Mesmo tendo uma população de mais de 90% de negros e pardos, boa parte dos professores das escolas públicas da região ainda encontra resistência ao trazer a história e a cultura africanas e afro-brasileiras para as salas de aula. Mais de oito anos após a promulgação da Lei 10.639 – que tornou obrigatório o estudo desses temas nos ensinos médio e fundamental –, eles continuam esbarrando na falta de apoio efetivo dos governos, no preconceito e no desinteresse de coordenadores, pais, alunos e até dos próprios professores.

A Escola Eugênia Anna dos Santos é praticamente uma exceção nesse cenário. Instalada desde a década de 1970 no tradicional terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, é uma referência na capital baiana e mesmo fora do Brasil. Tudo começou com o desejo de Mãe Aninha (1869-1938), fundadora do terreiro em 1910, de ver seus “filhos com anel no dedo aos pés de Xangô [seu orixá]”. Seguindo esses passos, Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella, que lidera o Axé desde 1974, concretizou o sonho da primeira ialorixá (mãe de santo). De início, foi montada uma creche, a Minicomunidade Obá Biyi, que abrigava crianças filhas do terreiro, com idades que iam de poucos meses até cinco anos. Em 1986, esse pequeno espaço se transformou numa escola de 1ª a 4ª série do ensino fundamental e ganhou o nome de sua inspiradora. Mais tarde, foi incorporada à rede municipal de Salvador.

Mitos africanos na escola

Na mesma época, a educadora e historiadora Vanda Machado começou a frequentar o terreiro. E não demorou a escolher o local como objeto de suas pesquisas de mestrado. A ideia inicial era desenvolver atividades a partir das próprias vivências das crianças, do saber e da cultura da comunidade, e tomá-los como “suportes para aquisição de novos conhecimentos”. Nascia aí o projeto político-pedagógico Irê Ayó (ou Caminho de Alegria), elaborado junto com Carlos Petrovich e adotado na escola a partir de 1999. “Nossa proposta maior é a formação de sujeitos autônomos e solidários, com o sentido de pertencer e participar de seu lugar. Isso tudo foi inspirado no que víamos no terreiro, onde a solidariedade acontece naturalmente”, explica a pesquisadora, filha de Oxum e ebomi (pessoa mais velha no santo) da comunidade.Trabalhos dos alunos da Escola Eugênia Anna dos Santos. DivulgaçãoEnquanto conversava e compartilhava experiências com homens e mulheres do Opô Afonjá, Vanda ia registrando e recriando histórias, mitos dos orixás e africanos. No fim, esse rico material virou o ponto de partida de todo o projeto educativo da Escola Eugênia Anna. “A cada bimestre, trabalhamos um desses mitos. Os alunos também fazem uma relação com a vida lá fora. Isso acaba, de alguma forma, chegando às famílias. Resgatar e apresentar o mito é atravessar os muros do terreiro, da sala de aula. Esta é a intenção do Irê Ayó”, afirma Iraildes Nascimento, vice-diretora da escola e única funcionária que também é filha de santo. E as histórias não são selecionadas de forma aleatória. “Procuramos sempre estudar a atmosfera, o que está acontecendo ao redor da escola. ‘Iansã criando a democracia’ veio na época em que a campanha presidencial estava efervescente”, lembra a professora Cláudia Castro.Nos primeiros meses deste ano, a “transformação da Conquén” inspirou todas as atividades escolares. Os professores e coordenadores começaram a perceber que algumas “palavras mágicas” – com licença (yá agô), obrigado (adupé), desculpa (pe leô) – estavam sendo esquecidas. Então, nada melhor do que resgatar a história da galinha d’angola que vivia reclamando do mundo e não lhe dava nenhuma contribuição. Depois de encontrar o Oluô, ela finalmente descobriu que não estava só, precisava apenas melhorar suas relações. “O mito da Conquén foi o norte para alavancar nossa dinâmica, desenvolver o conteúdo das aulas. Essa é a parte objetiva. Mas tem também o lado mais subjetivo, um ganho difícil de mensurar. Assim como a galinha se transformou, nós também nos transformamos com sua história”, completa Cláudia Castro.

Além dos livros didáticos

No fim das contas, o mito é uma porta de entrada mais que eficiente para trabalhar a Lei 10.639. “A partir dele, podemos recuperar todo o legado dos africanos e dos afrodescendentes. Se o livro didático não traz os assuntos, buscamos em outros lugares. Trabalho em outra escola, mas lá não consigo efetivar a lei. Sempre ouço: ‘Já fazemos isso na Consciência Negra’. É complicado lidar com essa resistência”, lamenta Catarina Pedreira, professora do 4º ano .De fato, a situação é bem diferente em outros colégios públicos, e também nos particulares, espalhados por Salvador. Para começar, boa parte dos professores não recebe qualquer tipo de formação ou capacitação. Como faltam apoios oficiais e dos próprios coordenadores escolares, as iniciativas são, em geral, individuais e esporádicas. O resultado disso são profissionais desmotivados e alunos desinteressados. “Não quero nadar, nadar e morrer na praia. Ou fico brigando ou deixo para lá, numa atitude meio egoísta. Quando você pode, flui na sua aula do jeito que acha, sem saber se está correto ou não. De alguma forma, quando se fala da escravidão, já se toca um pouco na questão. Infelizmente, esta é a realidade de mais de 80% das escolas”, lamenta a professora de História Luciana Araújo.E como as instituições também têm estruturas muito precárias, a obrigatoriedade trazida pela lei acaba ficando praticamente no fim de uma longa lista de problemas e prioridades. A escola estadual em que Luciana trabalha, na Estrada das Barreiras, está instalada em dois prédios separados por uma pista asfaltada. Há onze anos a comunidade espera a construção de um novo espaço. Nas salas de aula não há cadeiras para todo mundo. Em geral, apenas vinte estudantes conseguem lugar para sentar. Em dias de prova, aparecem cinquenta. A solução é fazer um rodízio. “Nós, professores, também não temos cadeira e nem mesa. Coloco a minha bolsa no chão. É nessa escola sem suporte nenhum que querem que eu ofereça um ensino de boa qualidade”, alerta Luciana.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Biblioteca Digital Mundial da Unesco: fonte para pesquisas.



A Biblioteca Digital Mundial disponibiliza na Internet, gratuitamente e em formato multilíngue, importantes fontes provenientes de países e culturas de todo o mundo.

- Os principais objetivos da Biblioteca Digital Mundial são:

* Promover a compreensão internacional e intercultural;

* Expandir o volume e a variedade de conteúdo cultural na Internet;

* Fornecer recursos para educadores, acadêmicos e o público em geral;

* Desenvolver capacidades em instituições parceiras, a fim de reduzir a lacuna digital dentro dos e entre os países.

Link para acesso: http://www.wdl.org/pt/


Redação Revista Historien.