O roubo do chá da China pelos ingleses
No século XIX, um distinto botânico escocês chamado Roberto Fortune
partiu em uma arriscada missão para desvendar os segredos da bebida.
Essa aventura foi o início de um negócio extremamente lucrativo para a
Inglaterra, com o plantio intensivo na Índia
por Eric Pincas
Robert Fortune, o botânico que importou plantas e sementes da China
No
número 9 da Gilston Road, em Londres, uma placa azul avisa que ali
morreu o botânico Robert Fortune, em 1880. Um ilustre desconhecido até
mesmo no país do five o’clock tea, o chá das 5, em que perto de
70% da população bebe diariamente uma xícara do líquido aromático.
Poucos conhecem a extraordinária aventura desse homem que, na metade do
século XIX, roubou, na cara dos chineses, os segredos de seu chá. Foi o
início de um negócio extremamente lucrativo para os britânicos: cerca de
900 bilhões de xícaras são consumidas anualmente no mundo todo.
Até hoje nenhum historiador se debruçou sobre a
arriscada missão empreendida por Robert Fortune. Coube a Willy
Perelsztejn, amante de chás, jurista de formação e produtor de
documentários, o mérito de ter desvendado esse episódio importante da
história econômica e cultural do ex-Império Britânico. Em 1996, depois
de ter lido A rota do chá e das flores, o diário de viagem de Robert
Fortune, ele suspeitou que a narrativa romanceada escondia um roteiro
bem diferente. Ele então se associou à irmã, Diane, cineasta, e a Joëlle
Kilimnik, sua colaboradora, e pesquisou durante quatro anos até
conseguir as provas de que a aventura de Fortune se tratava, de fato, de
uma espionagem industrial.
Nos anos 1840, a China era o principal
produtor e fornecedor de chá no mundo, apesar das tentativas de
concorrência das plantações de Assam no nordeste da Índia, cultivadas
pelos irmãos Bruce nos anos 1830. Infelizmente para os ingleses, a
qualidade desse chá se revelou bem fraca para quem esperava rivalizar
com os produtores chineses. Em 1834, a Companhia das Índias Orientais, a
serviço da Coroa britânica desde 1599, perdeu seu monopólio sobre a
importação do chá em benefício de comerciantes independentes. A
autoprodução se tornou, assim, o principal objetivo desse gigante
mercantil que controlava, em seu apogeu, no final do século XVIII, um
quarto do comércio mundial.
Mais informações ver no site História viva.
Fonte:História viva
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