sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DA ÉTICA À AVENIDA DO MEU BRASIL BRASILEIRO


Moisés Almeida[i]

Ao abrir as redes sociais hoje me deparei com várias postagens sobre o final da novela Avenida Brasil. Soube que o Brasil “parou” para ver o desenlace da trama. Ao observar tantos “posts”, me lembrei da aula ministrada no curso de Direto sobre Ética e Valores, quando utilizamos o livro de Nelson Saldanha “Ética e História” para tratarmos da ética na contemporaneidade. A reflexão desses escritos nos alertava para a força que tem os “mass média” hodiernamente: “O tremendo do­mínio dos meios de comunicação sobre os ho­mens constitui hoje, como se sabe, uma presen­ça ambivalente. Presta informações que abran­gem o planeta inteiro, e poderia com isto ter enorme utilidade pedagógica; mas por outro lado — e, sobretudo, em função de interesses econômicos —, entroniza a vulgaridade e mani­pula o público oferecendo-lhe valores distorci­dos.” (SALDANHA, 2007, p. 21). Valores distorcidos? Somos manipulados? Vulgaridade na TV? Será que um dos capítulos da novela feriu a moral familiar? Estou apenas perguntando e não afirmando. “A ‘moral familiar’ dos últimos séculos, vista como hipó­crita por seus críticos — e com alguma razão —, vai sendo trocada por uma mistura de permissividade e pragmatismo. (SALDANHA, 2007, p. 22). Permissividade? Estamos num tempo em que se permite tudo? Alguém, que eu nem sei quem foi o personagem, - pois, por ironia do destino assisti apenas os dois últimos capítulos da trama final  - casou-se com três mulheres. De alguma forma esse ato da vida irreal abalou a moral familiar conservadora brasileira? Vida irreal? É apenas trama, drama ou desejo de parte dos homens brasileiros? Pontos para nossa reflexão. Repito, estou apenas perguntando. A Filosofia nos ensina a perguntar. Aprendi com Platão que dizia que Sócrates era o perguntador implacável, porque nada sabia: “só sei que nada sei”.
Em nossas reflexões na aula de Filosofia e Ética constamos que os meios de comunicação têm pautado a ordem do dia. No trabalho, em casa, no lazer, não se fala em outra coisa, senão no que dita a poderosa telinha. Sentamos nos bares da vida para falar da ficção de outrem. “A ciência, a política, a arte tentam substituir a religião e embasar a ética — ou pôr-se em seu lugar. Mas o que vem realmente pondo-se no lugar da ética são os ‘meios de comunicação’". (SALDANHA, 2007, p. 27).
Quanto às instituições que foram postas em “descenso”, família, religião, escola resta-os concorrer deslealmente com o que determina o poder do capital/consumo veiculado nos “outdoors” da vida, através do touch screen dos celulares, dos monitores de computador e principalmente dos LEDs da TV. No facebook dos dias 19 (noite) e 20 não se falava em outra coisa, senão no final da novela que rendeu aos cofres da “Vênus Platinada”, segundo informação da revista “Forbes” dois bilhões de reais, pagos por anúncios publicitários que valiam até US$ 400 mil por uma aparição de 30 segundos.  “Tal como para Marx a alienação assentava, sobretudo na ‘estúpida compulsão do trabalho’, talvez a nossa assente, mais do que em qualquer inculcação ideológica, ‘na estúpida compulsão do consumo’. Aliás, as duas compulsões estão hoje mais interpenetradas do que nunca. Dantes, o operário procurava que o seu tempo livre fosse o contrário do trabalho. Hoje, o tempo livre é cada vez mais semelhante ao tempo de trabalho. E não me refiro apenas ao tempo homogêneo e abstrato que, tal como o do trabalho, domina o turismo organizado. Refiro-me ao tempo do quotidiano, ao jogging, ao exercício físico, à maquilhagem, à aparência física cada vez mais importantes como forças produtivas do trabalhador, sobretudo do trabalhador de serviços, que vende tanto o trabalho da aparência física como qualquer outro que tem de fazer. (SANTOS, 1995, p. 110). Os anúncios da novela venderam, sobretudo, aparência.
E a novela da vida real continua, nas avenidas de cada rua desse imenso Brasil, seduzido pelo poder da “mediação” que nos é oferecida todos os dias, pois vale a pena mesmo viver o irreal e ética da consciência normativa que fique pra depois. Para que reformar pensamentos e intenções?
Só me resta mesmo a saudade do meu Brasil "terra boa e gostosa, da morena sestrosa, de olhar indiferente. Brasil, samba que dá para o mundo se admirar. O Brasil do meu amor, terra de Nosso Senhor. Abre a cortina do passado e tira a mãe preta do cerrado, bota o rei congo no congado e canta de novo o trovador. Saudade do meu Brasil... brasileiro".


[i] Mestre em História e Prof. Assistente da FACAPE e UPE.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Encontro de História e Cultura Indígena e Afrodescendente

Por Paulo Henrique Carneiro
Equipe de Edição - Revista Historien

Mais uma vez o Colegiado de História da UPE, Campus Petrolina, promoveu a Semana de História e Cultura dos Povos Indígenas e Afrodescendentes entre os dias 09 e 11 de setembro de 2012. O evento contou com a colaboração dos parceiros IF- Sertão, Revista Historien e o Centro Acadêmico de História Quilombo dos Palmares (Gestão Nego D’água).

Com uma programação contempladora das problemáticas que vem permeando as discussões relacionadas à temática proposta espalhados não só pelo país, a semana conseguiu cumprir seu objetivo através dos ricos debates promovidos por mesas redondas, minicursos, oficinas, simpósios temáticos e apresentações culturais. 


A Semana ainda apresentou uma bela exposição fotográfica fruto de um trabalho de mapeamento dos quilombos do estado da Paraíba realizado por Alberto Banal e recolheu assinaturas para fortalecer o movimento que se posiciona contra a retirada da estátua de Mãe D’água, do artista juazeirense Lêdo Ivo, posta em uma pedra à margem esquerda do Rio São Francisco. A estátua, símbolo da influência negra africana no vale do São Francisco, tem sofrido com a intolerância religiosa encabeçada pelo vereador Osinaldo, da Câmara de Petrolina, e a organização do evento, não esvaziando o debate, se posicionou oportunamente diante das comunidades que participaram da Semana.


O encerramento não poderia ser diferente. A mesa final tratava exatamente de manifestações religiosas afrodescendentes alargando, como toda a programação, nossas possibilidades de pesquisa assim como a aceleração desconstrutiva dos preconceitos que ainda estão presentes em nosso cotidiano.


Acreditamos que a contribuição do evento para o crescimento acadêmico, histórico, pessoal... De todos os envolvidos foi imensamente importante, deixando grande expectativa para os próximos.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Semana Universitária UPE 2012



De 16 a 18 deste mês de outubro, a Universidade de Pernambuco (UPE), através da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, realiza a Semana Universitária 2012, com o tema: “Um olhar para a sustentabilidade”.O evento acadêmico propõe atividades de difusão e saberes nas diversas áreas do conhecimento.
Oficinas, palestras, mesas-redondas, cursos, manifestações culturais e prestação de serviço são ações que ganham destaque na programação, que acontece, em diversos horários, nas unidades de ensino e hospitais administrados pela UPE em todo estado. Este ano, para participar, os interessados devem realizar as inscrições diretamente nos campi da Universidade. 
Saiba mais. Clique aqui

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Inscrições para Encontro sobre Cultura Indígena e Afrodescendente tiveram início hoje na UPE - Campus Petrolina




As inscrições para o encontro sobre a Cultura Indígena e Afrodescendente que será realizado de 09 a 11 de outubro, foram iniciadas nesta segunda feira, na UPE Campus Petrolina. Segundo os organizadores do evento, desde a aplicação das políticas afirmativas ligadas à Educação, a partir dos últimos governos federais, evidenciou-se, ainda mais, o problema da falta de capacitação dos professores para o enfrentamento da diversidade cultural nas escolas. “Podemos afirmar que ainda são poucas as instituições escolares que se organizam para uma renovação do ensino. Muitas vezes, oculta-se o genocídio e o etnocídio praticados contra as populações indígenas, assim como o racismo que envolve a população afrodescendente no Brasil”, afirmou Harley Moreira, professor do Colegiado de História e coordenador Geral do Encontro.  
Nas universidades, a nova lei de cotas sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, obriga a enfrentar as discussões relativas aos destinos do ensino superior.  “Somos conscientes de que alguns dos grandes problemas ligados à História e à cultura dos povos indígenas e afrodescendentes dizem respeito ao avanço das pesquisas, ao desenvolvimento da formação de professores e à conscientização nas escolas, por isso,propomosa organização de um Encontro Acadêmico com palestras, simpósios e atividades culturais, envolvendo escolas, Institutose universidades da região do Vale do São Francisco nas discussões que circulam a temática”, destacou o coordenador geral. 
O evento é uma realização do Colegiado de História com parceria do IF Sertão. As inscrições poderão ser efetuadas das 15 às 21 horas, na entrada da UPE Campus Petrolina. Mesmo quem enviou resumo para o site deverá validar sua inscrição presencialmente,  no Campus. A taxa de participação é de R$ 15,00 com direito a palestras, oficinas, minicurso, mesas-redondas. O evento é direcionado a todos que se interessam pela temática indígena e afrodescendente.

Por. Prof.Ms. Moisés Almeida – Comissão Organizadora

Aos 95 anos, falece Eric Hobsbawm.


O Historiador Eric Hobsbawm morreu nesta segunda-feira, dia 1º de outubro, após um "longo período doente", diz o site do jornal The Guardian. Nascido em Alexandria, no Egito, e cidadão britânico, Hobsbawm é o autor da trilogia "A Era das Revoluções", "A Era do Capital" e "A Era dos Impérios", sobre o período entre 1789 e 1914. Marxista de formação, também escreveu "A Era dos Extremos".

A informação sobre a morte do historiador no hospital Royal Free de Londres veio da filha dele, Julia, diz o Guardian. Nascido em 1917, Eric Hobsbawm era professor emérito da Universidade de Londres e suas convicções marxistas fizeram dele uma figura polêmica, apesar dele ter influenciado numerosos estudiosos na área da história ociental.

Hobsbawm defendia o socialismo mesmo após o colapso da União Soviética, após o fim da Guerra Fria. De acordo com o Guardian, ele teria dito que nunca tentou "diminuir as coisas terríveis que aconteceram na Rússia", mas que ele "acreditou que um novo mundo estava nascendo em meio a lágrimas, sangue e horror" no projeto inicial do comunismo.

No Reino Unido, o historiador disse ter ficado decepcionado com a gestão de Tony Blair, que era do Partido Trabalhista.

Com sua morte, ele deixa os filhos Joshua, Julia e Andy Hobsbawm, além de sete netos e um bisneto.

Fonte: Exame