sexta-feira, 6 de julho de 2012

Alunos de 80 escolas municipais terão disciplinas de 4 religiões




Prefeitura realizou concurso para contratação de cem professores de religião, que vão lecionar a partir do segundo semestre nessas unidades

Os pequenos alunos do 1º ao 3º ano do ensino fundamental de 80 escolas da rede municipal podem nem saber, mas voltarão das férias de julho no centro de uma polêmica. A prefeitura já realizou concurso para a contratação de cem professores de religião, que vão lecionar a partir do segundo semestre nessas unidades. O modelo será confessional, ou seja, voltado para cada credo. A princípio, serão 45 docentes católicos, 35 evangélicos, dez espíritas e dez de religiões afro-brasileiras. Apenas os estudantes cujos pais deram autorização, durante a pré-matrícula, terão um tempo de aula por semana da disciplina. Para as outras crianças, haverá “educação para valores” (apresentação de temas ligados à ética e à cidadania) durante o período vago.

A iniciativa da Secretaria municipal de Educação é consequência de uma lei, proposta pelo próprio Executivo, aprovada em outubro do ano passado pela Câmara e sancionada logo em seguida pelo prefeito Eduardo Paes. O texto criou a categoria de professor de ensino religioso nos quadros da rede, abrindo a possibilidade de concurso para até 600 docentes. A regra estabelece que os profissionais contratados “devem ser credenciados pela autoridade religiosa competente, que exigirá formação obtida em instituição por ela mantida ou reconhecida”. É exigido ainda nível superior com licenciatura plena, sem especificação de disciplina.

O tema está sendo analisado no 
Supremo Tribunal Federal (STF)


Reverendo diz que apoia a iniciativa
Para o reverendo Daniel Rangel, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a medida da prefeitura vai ajudar a sociedade carioca a aceitar melhor a pluralidade de religiões:
— Acho positivo porque vai ensinar às crianças não apenas valores éticos ligados à sociedade civil, mas à religião. Vai ser uma oportunidade de a sociedade do Rio aprender a se relacionar com a pluralidade religiosa.
Pela primeira redação da Lei de Diretrizes e Bases, que criou em 1996 as normas atuais da educação, o ensino religioso não poderia trazer ônus aos cofres públicos. Ou seja, a contratação de professores, por exemplo, era vedada. Em 1997, esse artigo foi retirado. Ficou determinado que estados e municípios estabelecessem suas normas, “assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa”.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/alunos-de-80-escolas-municipais-terao-disciplinas-de-4-religioes-5295141#ixzz1zoEiDQSu
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Segundo o Humorista Carlos Ruas a situação vai ficar assim:

 


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Já tem saci até na Suécia


Pesquisador da obra de Monteiro Lobato conta como o famoso personagem perneta se tornou um poderoso símbolo nacional e ícone da luta contra o imperialismo cultural




“Eu descobri até um saci no exílio. Olha aqui: na Suécia!”, afirma Vladimir Sacchetta, mostrando o cartaz de um evento organizado na cidade de Lund por brasileiros exilados na época da ditadura. O “causo”, que à primeira vista pode parecer uma simples anedota divertida, diz muito sobre o mais famoso personagem da mitologia brasileira que o escritor Monteiro Lobato registrou na primeira metade do século XX. Indignado com a cegueira das elites do país, que teimavam em valorizar a cultura europeia e desprezar as tradições populares brasileiras, Lobato decidiu, a partir de 1917, transformar em literatura escrita os contos e lendas que havia séculos circulavam de boca em boca pelos engenhos e fazendas do interior. Ao valorizar os mitos nacionais, Lobato queria promover o nosso “7 de Setembro estético” e colocar a cultura nacional no mesmo patamar das mais sofisticadas do mundo.


Foi com esse mesmo espírito que, mais de 80 anos depois, Vladimir Sacchetta e outros admiradores da obra de Lobato fundaram a Sociedade de Observadores de Saci (Sosaci) em 2003. Como o próprio pesquisador conta, a iniciativa foi uma retomada da antiga luta do escritor paulista. O inimigo, no entanto, agora é outro: se no tempo de Lobato o saci se opunha aos duendes alemães que enfeitavam o Jardim da Luz, em São Paulo, agora o famoso perneta disputa espaço com a bruxa do Halloween, e uma das grandes reivindicações da Sosaci é que no Brasil o dia 31 de outubro seja o Dia do Saci, e não o Dia das Bruxas. A medida já foi adotada no estado e na cidade de São Paulo, além de vários municípios do país, mas não em âmbito nacional.

Enquanto isso não acontece, Sacchetta continua observando e cultivando seus sacis. Coautor de Monteiro Lobato – Furacão na Botocúndia, uma das mais importantes biografias do escritor, o pesquisador recebeu a reportagem de História Viva em seu escritório em São Paulo e contou como o saci se tornou um dos mais poderosos símbolos da cultura nacional.


Mais Informações acessem: HISTÓRIA VIVA

No site tem mais informações e o resto do artigo.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Constante Ameaça


O mundo respirou aliviado no Natal de 1991, quando Mikhail Gorbachev renunciava ao governo da União Soviética (URSS), pondo fim a mais de 74 anos de comunismo na Rússia. Achava-se que, por fim, o risco de um holocausto nuclear havia acabado. Duas décadas depois, o perigo se faz presente e ameaçador. Se por um lado, países como o Brasil e a África do Sul aderiram ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, por outro, a fechada Coréia do Norte o abandonou em 2003. O Irã, signatário do Tratado desde 1968, vê aumentarem as suspeitas sobre a natureza de seu programa nuclear, acusado pelos EUA de possuir fins militares.Israel mantém sob sigilo seu programa atômico, havendo relatos de que já possuiria centenas de ogivas. Na Ásia continua a mini Guerra Fria entre Índia e Paquistão, que vem desde a década de 1970, quando ambos realizaram seus primeiros testes nucleares. Entre os dois, o caso mais preocupante é o do Paquistão, por conta da guerrilha talibã que ameaça o governo central. Se ela vencesse, grupos terroristas teriam acesso a todo um arsenal atômico. Já os velhos rivais, Rússia e EUA, por meio do acordo START, em 2010, reduziram um terço da quantidade de suas armas nucleares. Hoje, sabe-se que apenas nove países possuem bombas atômicas – o grande medo é que os Estados não sejam mais os únicos com acesso a elas.


Partindo da crise dos mísseis
Para se entender como a comunidade internacional chegou a este ponto, deve-se partir da Crise dos Mísseis de 1962, quando a URSS alocou mísseis dotados de ogivas nucleares em solo cubano, causando como reação um bloqueio norte-americano da ilha. Considera-se atualmente que o mundo nunca chegou tão perto de uma Terceira Guerra Mundial como naqueles treze dias de outubro. Mais do que isso, a era nuclear, anunciada quando da detonação das bombas sobre Hiroshima e Nagasaki, demonstrava que tal conflito, caso ocorresse, não seria marcado pela imagem das trincheiras, dos tanques, e da mobilização de tropas, mas pelos cogumelos atômicos. A partir de um intenso esforço diplomático entre os governos dos EUA e da União Soviética, o conflito foi sanado, e um esforço conjunto se iniciou em torno do progressivo desarmamento de seus arsenais. Um ano após a crise, o presidente John Kennedy e o premiê Nikita Kruschev assinavam o Tratado de Interdição Parcial de Testes, objetivando banir testes de armas nucleares em terra, no mar e no espaço. O problema estava em que, mesmo com as duas superpotências mundiais chegando a um primeiro acordo, o acesso à tecnologia bélica das bombas atômicas e de hidrogênio parecia democratizar-se. Em 1952, o Reino Unido realizou seu primeiro teste nuclear, seguido oito anos depois pela França de Charles de Gaulle. E em 1964, a China de Mao Tse-Tung, às beiras de declarar o início de sua Revolução Cultural, juntava-se ao seleto grupo dos Estados nucleares.

Um novo mecanismo foi pensado então para suprir as necessidades de desarmamento. Tratou-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) de 1968. Originalmente pensado numa esfera exclusivamente russo-americana, seu texto incluía os cinco países até então reconhecidamente detentores de arsenais atômicos, estabelecendo entre eles o compromisso tripartite de longo prazo: não permitir a proliferação das armas em questão; desarmamento; e promoção do uso pacífico da tecnologia nuclear. A terceira bandeira anunciada pelo Tratado visava atender às expectativas dos países em desenvolvimento, então extremamente organizados no bloco não-oficial do Terceiro Mundo. A História, que compõe as últimas décadas da Guerra fria, e as primeiras de nossa época, é uma de frustração dos planos aventados.


Caso do Paquistão
Logo, após inúmeros Estados terem assinado e ratificado o texto de 1968, Índia e Paquistão marcariam as manchetes mundiais. Ambos haviam recusado aceitar os termos do Tratado, enquanto enfrentavam suas próprias tensões militares. Em 1974, na Operação Smiling Buddha, a Índia detonou seu primeiro artefato nuclear. O Paquistão, entretanto, mantinha um programa de tecnologia nuclear para fins bélicos desde o início da década. Levariam ainda alguns anos, mas em maio de 1998, quinze dias após a Índia realizar o segundo teste de sua história, o Paquistão executava o seu primeiro, detonando cinco artefatos nas montanhas Chagai. Tornava-se assim o primeiro Estado majoritariamente muçulmano a dispor desse tipo de arsenal. As preocupações em torno dos armamentos paquistaneses aumentaram consideravelmente em 2009. A guerrilha talibã, que transpunha a fronteira afegã, começava a ameaçar o governo central em Islamabad. Se tomassem a capital ou desestruturassem o comando do Estado paquistanês, os fundamentalistas poderiam ter acesso ao arsenal, agregando ao risco de conflito nuclear com a Índia a possibilidade da utilização de bombas-A em ataques terroristas.


Oriente Médio
Deixando a Ásia Central e indo até o Oriente Médio, dois países congregam agora as atenções do mundo: Israel e Irã. O Estado de Israel, que jamais assinou o Tratado de Não-Proliferação, mantém até hoje sob uma penumbra de mistério, a verdadeira natureza de seu arsenal, sem sequer admitir a posse de armas nucleares. O ex-presidente norte-americano, Jimmy Carter, no entanto, vazou, em 2008, a informação de que Israel teria aproximadamente 150 ogivas. O Irã, por sua vez, está sob o escrutínio da Agência Internacional de Energia Atômica, que o acusa de usar seu programa de enriquecimento de urânio para fins militares. Israel vem deixando claro que não permitirá que o Irã desenvolva esse tipo de arsenal, o que aventa a possibilidade uma guerra entre os dois países.
Já no front de desarmamentos bem-sucedidos, a década de 1990 viu os Estados recém-independentes da Ásia Central e do Leste Europeu abrirem mão de seus arsenais. Os novos países, como a Bielorússia e a Ucrânia, todos ex-repúblicas soviéticas, em cujos territórios o Exército Vermelho havia construído silos de mísseis e bases de lançamento nuclear, passaram por um rápido programa de desarmamento, aceitando transferir todo o arsenal para a Rússia. A África do Sul tornou-se inclusive um caso simbólico. O país nutria, desde a década de 1940, o desejo de possuir a bomba-A. Tendo desenvolvido um programa de enriquecimento de Urânio, chegou a produzir seis artefatos. O regime do apartheid acreditava que, possuindo tais armas, poderia defender-se de uma tomada comunista do continente africano, que vislumbrava no exemplo do regime marxista de Angola. Já em fins dos anos 1980, quando adentrava em seu período de abertura democrática, a África do Sul tornou-se o primeiro Estado a fechar voluntariamente seu programa nuclear, desmantelando as ogivas das quais dispunha. 

Coréia do Norte
Caminho contrário tomou a Coréia do Norte. Sendo signatária do TNP, denunciou o Tratado em 2003, dele se retirando. Três anos depois detonou seu primeiro artefato nuclear, realizando um segundo teste em 2009. Como conseqüência, aumentaram as tensões com a vizinha Coréia do Sul e com o Japão, que recentemente se puseram em estado de alerta quando a Coréia do Norte anunciou que testaria em abril seu novo foguete, no intuito de colocar um satélite em órbita. Sobre o regime de Pyongyang pesavam acusações de que o lançamento teria fins militares, constituindo um teste de míssil balístico de longo alcance. De acordo com autoridades norte-americanas, japonesas e sul-coreanas, o foguete teria quebrado e caído no mar logo após sua partida. O que foi rapidamente celebrado como um fiasco acabou adquirindo a função de lembrar ao mundo a dificuldade de conter o acesso à tecnologia nuclear. O perigo agora é que os Estados não sejam mais os únicos a disporem da mesma.