quarta-feira, 24 de abril de 2013

Lançamento da Revista Feminismos


 

Temos o prazer de apresentar o primeiro número da Revista FEMINISMOS. Este é um antigo sonho que finalmente conseguimos “colocar no ar”.

A Revista Feminismos pretende ser uma publicação eletrônica, trimestral, internacional, de cunho acadêmico, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo – PPGNEIM e ao Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM da Universidade Federal da Bahia. Tem como objetivo divulgar estudos interdisciplinares sobre mulheres, gênero e feminismos, sob a forma de artigos, traduções, ensaios, resenhas, entrevistas, dossiês temáticos e outras manifestações intelectuais que contribuam para o debate científico e para a produção de conhecimento na área, constituindo-se um canal de interlocução com as demandas e ações do feminismo nacional e internacional. Todas as seções da revista estão abertas à colaboração.

É resultado do compromisso que vem norteando nosso trabalho nestes quase 30 anos de existência, compromisso esse que se concretiza no lema “articulando teoria e praxis feminista na academia”. Assim, a Revista Feminismos nasce na perspectiva da articulação de diversos caminhos que possibilitem a troca de informações, de olhares, de recortes analíticos e metodologias distintas de forma que as diferentes perspectivas disciplinares se entrecruzam, gerando contribuições direcionadas à formulação de uma noção de conjunto, ainda que resguardadas por enfoques particulares. Nesse sentido ela é a cara do NEIM. Ela é parte, portanto de um projeto maior de divul gação e estímulo à produção do conhecimento na perspectiva feminista e do feminismo enquanto movimento social transformador.

domingo, 14 de abril de 2013

Mali: bastidores de um drama africano
Historiador da UnB analisa os interesses da recente intervenção militar da França na ex-colônia, assolada por conflitos étnicos e religiosos

por Marlúcio Luna


A intervenção militar francesa no Mali gerou uma polêmica sobre quais são os motivos que levaram o envio de soldados à ex-colônia. Há quem aponte interesses econômicos de Paris nas jazidas de urânio. Outros acreditam que a atuação de grupos radicais islâmicos justificaria a presença de tropas da França. Para o historiador Pio Penna Filho, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), o cenário é mais complexo e não permite visões simplistas. Ele chama a atenção para a política externa Palácio do Eliseu para a África e destaca que, entre 1960 e 2010, houve cerca de 40 intervenções militares francesas em antigas colônias. Penna Filho frisa que a maioria das revoltas africanas tem origem na fragilidade dos Estados e na falta de legitimidade dos governos, relativizando a influência de questões étnicas e religiosas nos conflitos. Nesta entrevista, o professor analisa a atuação dos grupos radicais islâmicos na região, bem como contextualiza a linha de ação dos chamados jihadistas.

Qual o contexto da operação militar francesa no Mali, iniciada em 11 de janeiro?
Desde a década de 1990, o Mali vem enfrentando o enfraquecimento do poder central. Em se tratando de África, onde os Estados têm estruturas extremamente fragilizadas, a situação se torna ainda mais grave. Nos últimos anos, houve uma sucessão de governos fracos e sem legitimidade. Para completar, houve um golpe militar em março de 2012. Apesar do discurso de seus líderes, de que o golpe seria resultado da fraqueza do presidente Amadou Toumani Touré, o que se viu foi um novo governo fraco e sem legitimidade.

A fragilidade política e institucional do Mali favorece a ação dos radicais islâmicos?
Antes de falar sobre os grupos radicais islâmicos, também chamados de grupos jihadistas, é interessante observar que a revolta no Mali segue o padrão de outras que ocorrem em todo o continente africano, não importando qual a religião predominante em um ou outro país. As revoltas são resultado da falta de mecanismos que garantam à sociedade a participação no jogo político. Há uma distância imensa entre o Estado e a sociedade. Como a população está afastada do centro do poder, ela não consegue apresentar suas reivindicações. Não há exercício da cidadania. Junte-se a isto o histórico de fragilidade econômica da África e temos as condições ideais para o surgimento de revoltas. Com exceção da África do Sul e de alguns países do norte do continente, o que temos na África é uma lista imensa de Estados frágeis.