
Lançada Hoje a 5ª edição temática da Revista Historien, segue o editorial para apreciação.
A Historien foi um periódico científico-acadêmico mantido pelo Colegiado de História da UPE – Campus Petrolina, disponível em versão eletrônica. A nossa proposta pautou-se pelo incentivo à produção textual dos alunos do curso de História, visando a expansão do conhecimento em história por meio da produção dos próprios acadêmicos. Encerramos nossas atividades em 2014 e mantemos todas as edições disponíveis através de nosso blog. Agradecemos a todos que colaboraram ao longo de todas as edições.
Mas o que está no centro das recentes especulações apocalípticas é um dos diversos elementos da cultura maia que chegaram até os nossos dias: seu método de contagem do tempo. Eles idealizaram dois calendários: o religioso, com base na Lua, chamado Tzolkim (relacionado a aspectos da vida humana), tinha 260 dias divididos em 13 meses com 20 dias (kins) cada; o outro, Haab, mais parecido com o nosso, era o calendário agrícola (que organizava as etapas do plantio e da colheita), com 365 dias repartidos em 18 meses de 20 dias. Hábeis matemáticos, criaram um complexo sistema de sincronização – a “Roda Calendárica” – desses dois calendários, nada fácil de explicar. Em linhas muito gerais, a cada 52 voltas do Haab (um ciclo de 18.980 dias) correspondia um novo século, quando era realizada a cerimônia do fogo novo.
Momento de renovação
Para os maias, o fim de um ciclo é um momento de renovação, o início de uma nova era – o que desencadeou uma onda de mitos sobre o fim do mundo. O principal diz que o mundo acabará em 21 de dezembro de 2012. O dia é significativo no calendário justamente porque indica o fim de um ciclo e o início de outro, mas nenhum registro daquela civilização autoriza a afirmar que o mundo acabará naquela data, segundo Anthony F. Aveni, professor de Astronomia e Antropologia da Colgate University, de Nova York.
Outras versões dão conta de que um tal Planeta Nibiru (ou Planeta X) estaria em rota de colisão com a Terra, o que não seria possível, pois, além de não haver dados concretos sobre a sua existência, se fosse entrar em choque com a Terra no ano que vem, hoje já poderia ser visto a olho nu, segundo o astrônomo Marcelo Gleiser. O professor de Astronomia e Filosofia Natural do Dartmouth College, nos Estados Unidos, ainda desmente a suposição de que um alinhamento galáctico envolvendo o Sol, a Terra e o centro da galáxia destruirá nosso planeta. Só que esse fenômeno acontece todo mês de dezembro.
“Esse frenesi todo é irracional”, garante Marcelo Gleiser. Mas serviu, mais uma vez, de inspiração para a poderosa indústria cinematográfica norte-americana, que levou às telas “2012: o ano da profecia” (2009), uma superprodução que consumiu 200 milhões de dólares. Sucesso de bilheteria em vários países, como o Brasil, o filme mostrou que os mitos nascidos da credulidade humana ainda são generosas fontes de lucros. E, de quebra, enalteceu o esforço de reconstrução do mundo pelos Estados Unidos.
FONTE:revistadehistoria
BUENOS AIRES - O governo da presidente Cristina Kirchner determinou por decreto que o Estado argentino comandará uma revisão oficial da História do país. Para isso, criou o Instituto Nacional de Revisionismo Histórico Argentino e Ibero-Americano Manuel Dorrego, que dependerá da Secretaria Federal de Cultura e funcionará com fundos públicos.
A entidade que reescreverá a História argentina será comandada pelo historiador Mario Pacho O'Donnel, declarado admirador dos caudilhos argentinos. Ela também será integrada por ministros do gabinete presidencial, jornalistas alinhados ao governo e líderes políticos.
O decreto determina que o objetivo do instituto será o de "estudar, investigar e difundir a vida e obra de personalidades e circunstâncias destacadas" da História argentina "que não tenham recebido o reconhecimento adequado no âmbito institucional". No decreto, a presidente Cristina condena a História "escrita pelos vencedores das guerras civis do século 19".
O instituto terá o nome de Manuel Dorrego, governador da Província de Buenos Aires em 1820 e novamente entre 1827 e 1828. O governador fuzilado em 1828 (considerada a primeira morte política da História da Argentina) sempre fascinou a presidente. Em diversas ocasiões, Cristina comparou-se a Dorrego, afirmando que sofre "fuzilamentos midiáticos".
Revisionismo. Desde o início do governo do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), a Casa Rosada criou feriados com alusões históricas. Foi o caso do feriado de 24 de Março, o "Dia da Memória pela Verdade", para recordar a data do golpe militar de 1976. O governo ignora a data em que o país voltou à democracia, 10 de dezembro de 1983 - segundo a oposição, porque o primeiro presidente civil da democracia foi Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical (UCR), partido rival dos peronistas.
Nos últimos anos, o kirchnerismo incentivou manifestações contra a imagem do presidente Julio Argentino Roca (1880-86 e 1898-1904), protagonista na conquista da Patagônia (incluindo o massacre de dezenas de milhares de indígenas). Roca, um conservador que admirava a Europa, é considerado um "genocida" por integrantes do governo, que defendem a retirada de suas estátuas. O governo Kirchner, entretanto, considera o ditador Juan Manuel de Rosas (1835-52) um "herói", embora tenha protagonizado campanhas militares contra indígenas do sul da Província de Buenos Aires.
Fonte: O Estadão
Maria Salomea Sklodowska nasceu no dia 7 de novembro de 1867, em Varsóvia. Filha da Polônia e súdita do czar, sua vida parecia condenada à resignação, assim como a de todas as suas compatriotas. Quem, às margens do rio Vístula, se preocupava então com a emancipação feminina e com a igualdade entre os sexos? Para piorar, seu país estava sob o domínio de São Petersburgo, e a Polônia inteira tremia sob a bota do czar de todas as Rússias. Diante desse panorama, nada predispunha Maria a desafiar o status quo. No entanto, sob a couraça da força de vontade, ela acabou por mostrar ao mundo outra concepção de protesto, outro modo de reivindicar. Ainda jovem, descobriu as armas que estavam ao alcance de seus compatriotas – as bibliotecas, não as barricadas – e a atitude com a qual deveria encarar a vida: um profundo respeito pelo próximo, o controle sobre os sentimentos e uma dignidade inquebrantável. Universitário obcecado pela poesia, o pai, Wladislaw Sklodowski, era professor de física em uma escola de Varsóvia. A mãe, Bronislawa, dirigia um internato para moças na cidade. O casal teve cinco filhos: Sofia, Bronislawa (apelidada de Bronia), Helena, Josef e Maria. |
Com o intuito de dar continuidade nas atividades da Revista Historien, a atual equipe abriu a seleção para os novos membros que irão atuar nas áreas de: Editoração, Revisão, Arte e Design e Comunicação. Os interessados devem enviar emails para revista_historien@ig.com.br até o dia 22/12/2011 informando a área em que deseja atuar, além de:
Nome;
Período do curso;
Número da matrícula;
Endereço;
Contatos (Email e telefone).
E um texto de 1000 caracteres respondendo às perguntas: “Porque participar da revista e quais os seus objetivos caso seja escolhido”. Os candidatos escolhidos pela solicitação via e-mail serão entrevistados por membros do Conselho Editorial e membros da Equipe de Editoração; o resultado será publicado no blog da revista e no portal www.revistahistorien.com
Depois que a ditadura militar se foi, ficaram histórias, imagens, depoimentos, memórias que precisavam ser reunidas por alguém com competência para fazer um filme que não soasse maçante ou meramente didático. Em Tancredo, a travessia, Silvio Tendler, que tem no currículo os documentários Os anos JK e Jango, soube fazer e contar bem a história de mais um dos grandes líderes políticos brasileiros.
A maior riqueza de Tancredo, a travessia está nos depoimentos, colhidos especialmente para o documentário, de personagens como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do senador Aécio Neves - neto de Tancredo, - e de outros políticos como Jarbas Vasconcelos, Fernando Lira, Almino Afonso e José Sarney, além do general Leônidas Pires Gonçalves, escolhido por Tancredo para ser ministro do Exército. Entre os artistas, participam nomes como Cristiane Torloni, Milton Nascimento e Fafá de Belém, apenas três dos inúmeros ativistas engajados que subiram no palanque de Tancredo e das Diretas Já.
É importante deixar claro que, no filme, a opção parece ter sido a de ouvir apenas os aliados do político mineiro, ou seja, os que viveram ao seu lado sua trajetória, da Era Vargas à campanha das Diretas. Paulo Maluf, por exemplo, aparece apenas no contexto da época. Nada de depoimento para o filme. A opção de Tendler, nesse caso, é discutível.
Além de fazer um resumo eficiente da trajetória do país desde a Era Vargas, quando Tancredo começava a dar passos firmes rumo à liderança política, o filme aborda também, e com mais clareza do que tudo o que já foi feito à respeito, a polêmica em torno da doença que matou o então presidente eleito, e jogou água na fervura da esperança de todo um povo, forçando a posse de José Sarney, ex-aliado da ditadura e dissidente do PDS.
Em depoimento ao filme, o próprio Sarney admite que, ao renunciar à presidência do então partido governista, quando, provavelmente, já percebia que a ditadura começava a naufragar, achou que sua carreira política havia terminado. Também com maestria, Silvio Tendler soube retratar toda a fase de criação do Partido da Frente Liberal (PFL), que reuniu os dissidentes do PDS para apoiar Tancredo e, quem sabe, continuar pegando carona no poder. Mal sabiam que, por uma triste obra do destino, não só pegaria carona, como reassumiriam o volante.
Sobre a diverticulite que resultou na morte de Tancredo, o documentário praticamente incrimina os médicos que atenderam o presidente eleito em Brasília, sem ouvir a versão de qualquer um deles. Nesse aspecto, a participação de Aécio Neves é fundamental. Hoje Senador pelo PSDB, o neto de Tancredo foi quem presenciou dois momentos decisivos para o fim da história: quando o avô, prestes a tomar posse, passa mal durante um jantar em família, e quando, já operado no hospital em Brasília, durante uma uma caminhada com o neto no quarto, sente que algo estava errado, e decreta: “Estourou tudo”. Era o início do fim.
Tancredo, a travessia, talvez peque por não ouvir o outro lado da história. Mas, certamente, conta muito bem o lado bom.
FONTE: jb.com.br
Os historiadores rastreiam as origens do jazz em um diferente número de culturas e influências sociais que convergeram na Nova Orleans do século 19. O fator mais importante foi a importação de homens e mulheres da África e das Índias Ocidentais, trazidos como escravos para a América Colonial, junto com os refugiados que escaparam da ilha de Hispaniola fugindo da matança da Revolução Haitiana.
Escravização, colonialismo e exploração dos povos africanos tiveram papéis significativos no desenvolvimento da música afro-americana. No início do ano de 1800, os escravos se reuniram na Praça do Congo, em Nova Orleans, para tocar suas músicas e mostrar suas danças tradicionais. Os registros da época mostravam que os escravos usavam instrumentos de corda improvisados e tocavam tambores de maneira polirrítmica (ritmos sincopatizados múltiplos tocados simultaneamente).
Dois tipos de músicas afro-americanas foram importantes para o desenvolvimento do jazz: spirituals e músicas de trabalho. Spirituals eram músicas folclóricas religiosas que os escravos cantavam para expressarem seus desejos de liberdade e sua fé. Diferente da música, principalmente com base no ritmo das danças na Praça Congo, os spirituals eram vocais marcados por harmonias variadas e letras improvisadas.
Músicas de trabalho combinam o ritmo do trabalho com a cantoria e estão tradicionalmente ligadas às culturas da África Ocidental. Essas músicas eram usadas para sincronizar um grupo enquanto trabalhavam juntos, com um líder falando e o grupo respondendo. Muitos historiadores atribuem o padrão chamada e resposta no jazz a essa forma inicial de música afro-americana.
Os primeiros músicos de jazz nasceram na escravidão - permaneceu uma memória viva das pessoas que viveram antes da Proclamação da Emancipação dos escravos. E apesar dos elos oficiais da escravidão terem passado, os afro-americanos ainda são tratados injustamente por indivíduos e legislações locais.
Também entre os africanos e as pessoas do caribe estavam os europeus. Escoceses, ingleses, irlandeses, franceses, espanhóis e italianos deram contribuições distintas ao ponto de encontro de todas as culturas que é Nova Orleans. Com o passar do tempo, essas culturas começaram a emprestar e adotar umas das outras as tradições e a música. Os antropologistas chamam essa polinização cruzada de sincretismo. Para simplificar, onde a música africana tinha uma base mais ritmica, a música européia tinha uma concentração maior na melodia e harmonia. Uma aproveitou partes da outra. A música africana foi europeizada e vice-versa. Essa relação de troca persistiu durante o século XX e continua até hoje enquanto o jazz é tocado pelo mundo todo.
As influências das danças na Praça do Congo, spirituals, blues, música crioula, música clássica européia e orquestras de instrumentos de sopro se combinaram para criar as formas iniciais do jazz.
O início do jazz não foi muito bem documentado. Buddy Bolden (considerado o primeiro músico de jazz) nasceu em 1877 e as primeiras bandas de jazz surgiram por volta de 1885. De acordo com o All Music Guide, Bolden formou sua primeira banda em 1895. Muitas das informações que possuímos hoje são provenientes de entrevistas de quando a loucura do jazz já estava instalada. E infelizmente, as músicas dessa época inicial nunca foram gravadas.
Um novo estilo de tocar piano, desenvolvido perto do fim do século 19, começou a deixar seu marco no jazz também. Mas o ragtime, diferente do jazz, não era uma forma improvisada de música. Um tocador de piano mantinha a batida com sua mão esquerda enquanto tocava uma melodia sincopatizada com a direita. No alto da sua popularidade no início do século XX, o ragtime realizou incursões com os músicos de jazz que começaram a incorporar e enfeitar a técnica com seu próprio estilo.
No início, o jazz e a dança estavam inextricavelmente ligados entre si. Muitos viam o jazz como promíscuo e relacionado à classe baixa, em parte devido às ligações raciais. Mas nem todos se opunham a ele. Músicos brancos estavam loucos para aprender a nova música e começavam a procurar músicos negros, então o jazz começou a explodir.
FONTE: uol.com