A chegada da Maçonaria ao Brasil, no final do século XVIII, pode ser entendida como um dos sinais do processo de modernização do país. A instituição foi o mais importante espaço de divulgação do ideário moderno (mesmo que mesclado com um mais tradicional) e conseguiu atrair uma parcela significativa da elite para dialogar, à sua maneira, com os ideais iluministas emergentes no período.
A atividade maçônica formou, a partir do início do século XIX, uma rede de lojas por todo o território brasileiro e organizou o que, provavelmente, foi a primeira atuação política articulada (nacional e internacionalmente) de uma instituição civil de que temos notícia no nosso país. Funcionava como uma espécie de arena para discussões voltadas ao processo de modernização, a Independência, a abdicação de Dom Pedro I, o abolicionismo, a questão religiosa, a separação da Igreja do Estado, o movimento republicano e outros assuntos menos comentados.
O ambiente maçônico é um lugar que privilegia discussões filosóficas, atividades filantrópicas, debates sobre a realidade sócio-econômica e cultural. Ao mesmo tempo, a maçonaria é uma instituição secreta, iniciática e, consequentemente, aristocrática, na qual só participam homens (pelo menos no “movimento maçônico regular”), alfabetizados, sem defeitos físicos, maiores de idade e com nível de renda suficiente para assumirem os custos da filiação à instituição; instituição na qual a hierarquia está presente em todos os seus procedimentos, desde a estratificação em graus de iniciação, até os vários níveis de luto quando da morte de seus integrantes.
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