sábado, 20 de agosto de 2011

A MORTE DO BONDE


por Ayrton Camargo e Silva


O transporte público surgiu na cidade de São Paulo na segunda metade do século XIX, na esteira do processo que integrou as grandes fazendas de café da região às redes do mercado mundial. Em 1855, o aumento da produção agrícola da província e a precariedade das vias de circulação que ligavam as áreas produtoras ao porto de Santos levaram o presidente provincial, José Antônio Saraiva, a defender a implantação de uma ligação ferroviária que conectasse o litoral ao interior do estado.

O trem chegou ao município de São Paulo em 1867, e a estação de passageiros da ferrovia foi implantada na região da Luz, então localizada fora dos limites da capital. Inicialmente, o trajeto entre a estação e a praça da Sé, no centro da cidade, era percorrido por tílburis de aluguel (espécie de pequena carruagem de duas rodas e dois assentos, sem capota, puxada por animais), que já operavam desde 1865. O aumento do fluxo de passageiros, no entanto, gerou a necessidade de um sistema mais regular e confiável de transporte, com tarifas e horários fixos.

Essa demanda deu origem ao primeiro sistema de transporte coletivo regular na cidade de São Paulo. No dia 12 de outubro de 1872 foi inaugurada a linha pioneira da rede de bondes puxados a burro.

Aos poucos, a cidade foi ganhando novos contornos graças a grandes intervenções urbanísticas. Nesse período, porém, nenhuma discussão ou plano vinculou o crescimento da cidade à necessidade de desenvolver uma rede viária baseada no transporte coletivo. As obras se limitavam a corrigir as características geométricas do sistema viário herdado da era colonial e a conectá-lo às novas zonas de expansão urbana.

Foi com base nessa lógica que o sistema de transporte coletivo em São Paulo entrou em uma nova fase a partir de 1899, quando um grupo de investidores canadenses pleiteou na Câmara Municipal uma concessão para explorar um pacote de serviços públicos na cidade.

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