Por Tadeu Henrique
A Universidade de Pernambuco campus Petrolina tem vivido momentos agitados nesses últimos dias. E isso graças a um problema que tem se perpetuado desde sua fundação: a falta de professores no quadro. Entre as várias necessidades da Instituição, esse é o ponto nevrálgico da coisa. Os cursos mais prejudicados são os de Licenciatura. O curso de Geografia, por exemplo, é o mais caótico no momento, pois está funcionando com apenas 43,75% das disciplinas. O 8º período está sem aula e sem orientador e conta apenas com quatro professores. Letras e Pedagogia funcionam, se é que essa é a palavra mais apropriada, com cerca de 50% das disciplinas ofertadas. Um verdadeiro caos. Aliás, essa tem sido a palavra mais usada pelos discentes e docentes para definir a triste realidade da UPE. No dia 29 de Agosto, o Centro Acadêmico de História reuniu todo o departamento de História para tratar o problema. Foi proposto e aprovado por unanimidade que os estudantes de História fariam paralisação seguida de greve. Na mesma reunião foi instituída uma comissão para acompanhar o graduando Tadeu Henrique que na mesma semana fora convocado pelo Ministério Público para esclarecer um denúncia contra a UPE feita no ano passado pela falta de professores.
No dia 31 de Agosto às 10:00 horas da manhã, o denunciante, a líder do CA e mais dois alunos se dirigiram à 3ª promotoria de Petrolina e fizeram uma exposição de todo o descaso da UPE para a promotora Dr.ª Ana Rúbia que, chocada com o relato, chegou a dizer que “a UPE era uma piada”. Ela prometeu ajudar no que fosse possível, mas precisava de algo propositivo para mostrar ao juiz e solicitou um documento que oferecesse objetivos claros dos estudantes.
De acordo com a promotora, o Governo do Estado de Pernambuco emitiu uma nota dizendo que já tinha feito uma seleção simplificada no início do mês de Agosto, só que quase metade das 27 vagas oferecidas não foram preenchidas. E mesmo que houvesse outro processo seletivo, a burocracia do Estado não permitiria a contratação de professores até o fim do ano. À tarde(17:00h), líderes do DA, DCE e CA's reuniram todos os cursos no auditório da Universidade para discutirem a problemática e com maioria absoluta dos votos, decidiram pela paralisação e greve, se não houvesse resposta do governador Eduardo Campos. À noite (19:00h), outra Assembléia Geral estudantil fora realizada. Concomitantemente, todos os professores do sindicato (ADUPE), mais de 50, estavam reunidos na biblioteca da faculdade. O auditório estava quase lotado, o clima era de ansiedade. Não parecia nem de longe aquela UPE de alunos reservados e apáticos, a cada orador uma vibração tomava conta do ambiente. Moças e rapazes subiam e dissertavam apaixonadamente com tamanha intrepidez, e até mesmo com raiva, os prós e os contras de uma greve.
Enquanto isso informações iam e vinham da biblioteca onde os professores debatiam o estado caótico e ao mesmo tempo revolucionário da UPE. Alguns professores chegaram a confessar que aquele momento que estavam vivendo era ímpar na história da instituição. No final, uma informação veio da biblioteca que mexeu com os ânimos de todos: mais de quarenta professores apoiariam a decisão dos estudantes. Foram palmas, gritos, assobios desenfreados, o frenesi foi viral. E com maioria absoluta, foi aprovada a paralisação de 48 horas com uma segunda assembléia marcada para dia 05 de setembro a fim de construir ou decidir,definitivamente, a greve geral. O caos não somente se instaurou, mas agora está sendo operado pelos próprios alunos.
OBS.: Fotos enviadas pelo Prof. Moisés Almeida.
(Tadeu Henrique é membro da equipe de Editoração da Revista Historien e graduando na UPE).
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