A polêmica envolvendo releituras de clássicos da literatura, que recentemente atingiu até o escritor Monteiro Lobato, promete esquentar as discussões do Festival de História (fHist), em Diamantina, Minas Gerais, que começa no dia 7 de outubro. Uma das convidadas do evento, a escritora de livros infantis Luciana Sandroni condena as interpretações fora do contexto da época em que as obras foram escritas, mas prefere ver o lado positivo da polêmica: a oportunidade para os professores abordarem o racismo junto aos alunos.
“É um tema muito delicado, mas que precisa ser abordado. É impossível tirar os autores do contexto de um século atrás, afinal, eram as ideias vigentes na época, eles viveram aquela época. Ao retratar Tia Anastácia como uma pessoa inferior, Lobato repetia a sociedade na qual ele e todos os personagens estavam inseridos. Assim fez Machado de Assis, José de Alencar e todos os grandes escritores. O importante é aproveitar a oportunidade para contar aos alunos as agruras do nosso passado, uma vez que não podemos nos esquecer de que fomos o último país independente a fazer a abolição da escravatura”, defende Sandroni.
Vencedora do Prêmio Jabuti de 1998 por “Minhas memórias de Lobato”, Sandroni estará na mesa “Walt Disney e Monteiro Lobato: o sonho das crianças tem cor?”, marcada para as 18h do dia 10 de outubro no fHist. O tema será debatido juntamente com a historiadora Márcia Regina Ciscati, doutora em História Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2004) e professora dos cursos de licenciatura em História e Pedagogia pelas Faculdades Integradas de Guarulhos, Faculdade das Américas e Faculdade Guaianás. A mediadora será a historiadora Carmen Lúcia de Azevedo.
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