A Historien foi um periódico científico-acadêmico mantido pelo Colegiado de História da UPE – Campus Petrolina, disponível em versão eletrônica. A nossa proposta pautou-se pelo incentivo à produção textual dos alunos do curso de História, visando a expansão do conhecimento em história por meio da produção dos próprios acadêmicos.
Encerramos nossas atividades em 2014 e mantemos todas as edições disponíveis através de nosso blog. Agradecemos a todos que colaboraram ao longo de todas as edições.
Com o final da Copa do Mundo de 2010 ficamos com recordações de várias imagens, alguns belos gols (poucos na verdade), várias jogadas, diversos erros de arbitragem (esses foram muitos), as uníssonas vuvuzelas, a jabulani, a bola que de tanta gente falar mal parecia que ia ser quadrada.
Ocorreram boas disputas entre as seleções, e isto me fez perceber um tipo de confronto que ocorreu diversas vezes nesta Copa da África 2010, que foram os vários jogos envolvendo as antigas metrópoles colonizadoras e suas antigas colônias.
Tivemos o jogo entre a Inglaterra e os Estados Unidos, sendo que este, como todos sabem, conseguiu sua independência da Coroa Britânica (a Inglaterra faz parte do Reino Unido da Grã-Bretanha) em 1776. Outro jogo de metrópole versus antiga colônia foi entre o Brasil e Portugal. Mas nenhuma outra nação teve tantos confrontos desse tipo, nesta Copa do Mundo, como a Espanha.
Ainda na chamada “fase de grupos”, a Espanha jogou contra sua antiga colônia na América Central, Honduras, e no jogo seguinte enfrentou o Chile, que era sua colônia até o início do século XIX. Logo na fase seguinte ocorreu um confronto que não pode ser taxado de metrópole versus antiga colônia. Mas era de dependência administrativa. Era o confronto da União Ibérica, no jogo entre Portugal contra a Espanha.
A União Ibérica foi o período em que os reis da Espanha reinaram sobre Portugal após a morte do rei português Dom Sebastião, sem que o mesmo tivesse deixado herdeiros. Portugal só voltou a ser independente após a guerra de Restauração, com a ascensão da dinastia de Bragança ao trono português.
No jogo de quartas de final ocorreu outro jogo em que a Espanha confrontou uma antiga colônia, que no caso foi no jogo contra o Paraguai.
Parecia que este tipo de jogo (ex-metrópole X ex-colônia) havia terminado. Porém a Final da Copa foi disputada entre a Espanha e Holanda, sendo que a Holanda já ficou submissa ao controle espanhol. No século XVI, devido a vários casamentos dinásticos a Holanda acabou “caindo” sob administração da coroa espanhola. A Holanda só veio a recuperar sua independência após a revolta das províncias protestantes do norte, com a ascensão da casa de Orange ao poder.
Poderiam acontecer outros jogos entre antigas colônias e seus colonizadores, como Gana contra a Alemanha, ou a Costa do Marfim jogando contra a França. Mas quem sabe isso venha a ocorrer em outra Copa do Mundo.
No mais, parabéns a Espanha pelo titulo da Copa da África 2010...
Desde o livro Drácula de Bram Stoker, quando foi descrito nesta literatura a estória do vampiro, conde Vlad Dracul, e com o sucesso atual da série Crepúsculo, vemos o surgimento de “um ser” conhecido não somente nós tempos atuais, mas que ao longo da história consegue levar deslumbre para muitas pessoas, mas que também foi sinônimo de medo e terror no folclore de muitos povos.
A primeira menção a um ser sobrenatural que se alimentava do sangue de suas vitimas foi Akhkharu, na Suméria, e na babilônia existia o mito do Ekkimu, um morto-vivo que saia de sua tumba para alimentar-se do sangue de quem estava próximo do local.
Muitos outros mitos sobre mortos – vivos que se alimentavam de sangue surgiram em outras regiões. Na Europa existia diversas alusões sobre este ser. Na Bulgária tem-se o Vorkolaka, o Nelapsi é o ser hematófago (que se alimenta de sangue) na Europa Central. Na Ásia se encontram mitos do Chiang-Shih na China e do Algul nos países árabes.
Mas no ocidente o grande representante deste ser, o vampiro moderno, surgiu com a obra literária do escritor irlandês Abraham Bram Stoker, Drácula, lançada em 1897. Muito se comentou se inspiração para o autor foi o a biografia do nobre Vlad Dracul, da Transilvânia (atual região da Romênia), sendo que o mesmo recebera o título de Draculea (filho do dragão). Após a sua morte o nobre Vlad recebeu a alcunha de Tepes, empalador, devido a utilização deste método de tortura contra seus inimigos. Contudo a vida de Vlad Dracul não foi a fonte de inspiração para Bram Stoker, que planejava colocar o título de sua de “Conde Vampiro”, e a utilização da vida de Vlad na sua obra surgiu após o início da mesma.
No cinema o primeiro grande filme sobre vampiro foi Nosferatu, filmado em 1922. Sendo o cinema um lugar profícuo para estas produções, entre elas pode ser citado: Son of Dracula (1943), Dracula: Prince of Darkness (1966), Drácula de Bram Stoker (1992), Entrevista com o Vampiro (1994), Blade, O caçador de vampiros (três filmes 1998, 2002 e 2004), e a saga Crepúsculo (iniciado em 2009).
São diversas as séries de televisão, livros, e demais “produto de consumo” em que os vampiros são os personagens principais, e isso demonstra que este ser, do morto – vivo, estava, e ainda se encontra, presente no imaginário social.
Artigos, resenha e demais trabalhos relacionados ao tema proposto podem ser enviados para nosso e-mail, revista_historien@ig.com.br
Normas para produção de artigos podem ser encontrados para download também no site, www.historien1.hd1.com.br Data limite para envio de trabalhos: 31 de julho de 2010
História e Heavy Metal - A diversidade de um estilo
Heavy Metal, estilo musical sempre ligado a polêmicas, preconceitos e estereótipos difamadores, estilo que é generalizado como satanista, anticristão, que difunde a violência. Porém ao analisar o Heavy Metal, de forma mais apurada e livre de preconceitos, acaba-se tendo uma outra opinião. As diversas vertentes o fazem ser um estilo musical altamente complexo, com espantosa quantidade de sub-estilos ligados ao Metal. Além do mais não existe uma “ideologia” pré-estabelecida. As temáticas abordadas pelas bandas dentro do Heavy Metal são distintas, onde são mencionados temas como cristianismo, fantasia, paganismo, político, folclórico, futurístico, literário e histórico!!!!!!!. Isto mesmo, a História e as grandes obras da literatura são temas cada vez mais freqüentes dentro do Heavy Metal, sendo abordados por diversas bandas do estilo.
Qual headbanger (termo em inglês para o chamado 'metaleiro') não escutou a conhecida Flight of Icarus, do Iron Maiden, e qual pesquisador da mitologia grega não conhece a lenda do Ícaro, o personagem que fugiu, junto com o pai, do labirinto do Minotauro, utilizando asas feitas de penas coladas com cera, e ao desobedecer ao pai, Ícaro voou até próximo do sol, e suas asas se tornaram cinzas, caindo, ele, para a morte no mar. O mesmo headbanger pode ter curtido Aces High, do próprio Iron, e o historiador observa na letra da música a menção sobre a Batalha da Inglaterra, na Operação Leão Marinho, em que os nazistas tentaram subjugar a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial, onde caças Spitfires ingleses duelavam contra os ME-109 alemães. O Iron Maiden transformou em música a biografia de Alexandre Magno em Alexander the Great. No álbum Dance of Death tem-se a espetacular Paschendale, uma música que retrata a batalha homônima, ocorrida na Primeira Guerra Mundial, onde centenas de milhares de jovens do Império Britânico e do Império Alemão sacrificaram-se, em vão, numa terrível carnificina. O Iron Maiden pode ser tido como a maior referência da fusão do Metal e história, pois são várias de músicas seguindo temáticas históricas. Contudo o Iron não é o único, o Blind Guardian, banda alemã, também pode ocupar lugar neste chamado Metal & História.
O Blind Guardian utiliza-se de temas voltados para a literatura, onde podemos encontrar várias menções a diversas lendas européias, podendo mencionar, em especial, a música And Then There Was Silence, baseada na Ilíada de Homero, ou os mitos arthurianos, com A Past And Future Secret ou Mordred’s Song, porém o tema principal abordado pelo Blind Guardian é a literatura Tolkieniana, produzida por J.R.R. Tolkien, o criador de O Senhor dos Anéis. Nesse caso o Blind, além de ter várias músicas ligadas a esse tema, como a bela Lord of the Rings, ou The Bard’s Song – The Hobbit, a banda possui, inclusive, um álbum conceitual, o Nightfall in the Middle-earth, que é baseado no livro de Tolkien, O Silmarillion,
Pode-se citar o Haggard com o Eppur Si Muove, álbum baseado na história de Galileu Galilei no século XVII. Tem o Kamelot com o conceitual Epica, baseado na obra Fausto de Johann W. Von Goethe. Temos o Vanden Plas que fundamentou seu álbum, Christ-O, na obra de Alexandre Dumas, O Conde de Monte Cristo. A grande diversidade de álbuns conceituais ligados a história ou literatura impede que todos seja citados.
Ainda pode-se encontrar banda que não criaram grandes álbuns conceituais, mas produziram excelentes músicas com temáticas históricas, uma dessas músicas que chama a atenção é a música Crystal Night, do Masterplan, que tem como fundo temático a Noite dos Cristais, onde membros partidários do partido nazista depredaram lojas e casas de judeus, sendo que milhares de judeus foram presos na Alemanha, porém o caráter da música é de que esse terrível fato não venha a ocorrer novamente.
O Brasil tem, como exemplo de álbum neste estilo, o Hamlet, álbum que contou com a participação de diversos grupos que descreveu, com primor, esta novela de William Shakespeare. A banda Miasthernia, com álbuns conceituais nas tradições religiosas pré-colombianas da América Latina, ou o Sad Theory com o conceitual A Madrigal Of Sorrow baseada na obra de Charles Baudelaire, As Flores do Mal.
Deve-se, também deixar bem claro, que dificilmente uma banda conseguirá criar um álbum ou música conceitual seguindo detalhadamente um fato histórico ou literário, pois muitos detalhes acabam sendo suprimidos por diversas questões que vão desde a adaptação rítmico/musical até a extensão que as músicas podem assumir. Pode-se utilizar como exemplo, a música Gettysburg do Iced Earth, que para mencionar detalhes minuciosos desta batalha da Guerra da Secessão Americana a banda fez está musica com mais de 30 minutos de duração dividida em três partes, em que cada parte é relacionada a um dia de batalha.
Com todas estas exposições, ao observar o Heavy Metal, livre dos estereótipos e pré-julgamento, pode-se compreender que o preconceito social não tem fundamento, pois nenhum outro estilo musical pode encontrar tamanha complexidade lírico/temática quanto o Metal, infelizmente é a partir de acontecimentos isolados que o Heavy Metal acaba sendo acometido de criticas e calúnias, estes mesmos críticos não analisam o Heavy Metal e suas principais vertentes, pois dessa forma encontrariam um amplo estilo musical, onde a liberdade de criação é o único obstáculo para a criação da música.
Hoje, dia 30 de março, estivemos na rádio Tropical Sat, a convite dos produtores do programa Multicultura, para um bate papo sobre a Revista Historien. Entre outras coisas, falamos sobre a idéia geradora de tudo, de que maneira começamos nosso trabalho, além de ressaltar os desafios de produzir uma revista acadêmica.
Essa entrevista vai ao ar dia 02 de abril, às 12:00 hs, na Tropical Sat 102,5 FM. Então, sintonizem e não percam! E, no mesmo dia, às 14:00, acontecerá o lançamento da 2ª edição da Historien, na abertura do EPEH (Encontro Pernambucano de Estudantes de História) na UPE.