“O príncipe”, de Maquiavel, completa em 2013 nada menos que 500 anos de existência. Por conta disso – e, claro, da importância crescente da obra através dos séculos –, um grupo de pesquisadores italianos elaborou um ambicioso projeto que visa estimular o debate sobre Maquiavel e seu pensamento na tradição política ocidental entre os séculos XVI e XXI. Pesquisas e eventos sobre o gênio florentino saíram da Itália em direção à Alemanha, Espanha, França, Estados Unidos, Turquia entre outros países que, agora, inclui o Brasil. O colóquio internacional “Maquiavel Dissimulado” começa na terça-feira que vem (dia 25) e vai até sexta-feira (dia 28) na Universidade Federal Fluminense. A inscrição custa entre R$ 20 e R$ 40 e deve ser feita até esta quinta-feira (dia 20).
Especialistas de várias áreas e em diferentes níveis de formação – de doutores a alunos de graduação e pós – participarão do evento. Em relação à história do Brasil, o colóquio “Maquiavel dissimulado” inova ao estender suas balizas temporais desde o século XVI até o presente, abrindo espaço para a literatura de Machado de Assis, para Getúlio Vargas como soberano maquiavélico ou para encenações de “A mandrágora” – peça teatral mais conhecida de Maquiavel – na década de 1960, antes e durante o governo militar no país. Nesses e em outros casos, verifica-se a força de um autor “clássico” que ultrapassou seus próprios tempo e espaço. A despeito, inclusive, de sua reputação, frequentemente condicionada por uma fama malévola e/ou desafiadora de padrões.
Serão discutidas as ideias produzidas pelo gênio italiano em diversas manifestações – embora, quase sempre, tenha se evitado o recurso explícito ao autor mal afamado. No campo linguístico, dicionários que aludem aos termos “maquiavélico”, “maquiaveliano” e “maquiavelismo”, editados em Portugal e no Brasil, constata-se a maior distinção destes significados no léxico brasileiro. Por exemplo, com a adoção do vocábulo “maquiaveliano” alusivo ao pensamento do autor, sem a pecha do “maquiavélico” associado a “pérfido” e a “astuto”, em contraposição à inexistência desta especificação em dicionários lusos.
‘Turnê’ internacional
O colóquio internacional “Maquiavel dissimulado: heterodoxias político-culturais no mundo luso-brasileiro” faz parte do projeto científico “Maquiavelismo e maquiavelismos na tradição política ocidental”, com sede na Universidade de Turim, Itália, coordenado pelo professor Enzo Baldini. Desde 2006, pesquisadores de vários países formaram uma rede que promove eventos, debates e publicações para refletir sobre a influência e a reinvenção do pensamento de Maquiavel no Ocidente. O projeto culminará em 2013, quando se completam 500 anos da escrita da obra “O príncipe”.
O “Maquiavel dissimulado” da UFF articula-se a outro colóquio que ocorrerá no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal, em novembro. Os dois eventos pretendem explorar a recepção e a reinvenção de Maquiavel nos espaços político português (incluindo as possessões ultramarinas) e brasileiro, a partir da segunda década do século XVI até os dias de hoje.
Outras informações e inscrições na página da Companhia das Índias.
FONTE: revistadehistoria
Nenhum comentário:
Postar um comentário